Assistimos a novo aumento de casos de covid-19 e à pressão sobre os hospitais. Já há vacinas, mas o processo de imunização será longo. Aprendamos com a experiência, evitando cometer os mesmos erros e insistindo no que correu bem.
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Temos de ser mais rápidos a atuar e a proteger os mais vulneráveis. Quanto mais céleres, menor a ação necessária e menor o custo socioeconómico das medidas de contenção.
O aumento de casos imporá a necessidade de camas de internamento e de cuidados intensivos. As medidas mais eficazes foram as mais flexíveis, com transformação de enfermarias e criação de hospitais de retaguarda. O problema esteve na falta de recursos humanos treinados e na sua exaustão. Temos de cuidar mais dos profissionais de saúde e de os ter capazes de responder.
Os doentes não covid-19 foram penalizados pelas listas de espera, adiamento de cirurgias eletivas, rastreios e consultas. Os cuidados de saúde primários devem manter-se operacionais, com investimento claro em teleconsultas, visitas domiciliárias, monitorização remota do doente crónico e acesso fácil e próximo. Só assim responderemos sem pressionar mais os hospitais.
As medidas de contenção, o isolamento, os problemas socioeconómicos estão a ter impacto na nossa saúde mental. Há que assegurar uma resposta próxima e usar já estratégias de prevenção, de diagnóstico e de intervenção precoce.
A pandemia tem um gradiente socioeconómico claro, com maior impacto nas populações mais vulneráveis. Foquemo-nos mais nos determinantes socioeconómicos da saúde, nas razões diretas do excesso de risco e em políticas que as resolvam.
Há um longo caminho a percorrer, embora já com uma luz ao fundo. Aprendamos com os erros do passado e preparemos o futuro.
Pneumologista