António Costa Silva foi o homem escolhido por António Costa para ministro da Economia. Uma das muitas missões de Costa Silva é, naturalmente, tornar a economia e as empresas mais competitivas, mais sustentáveis e mais limpas.
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Sendo o "pai" do Plano de Recuperação e Resiliência, o primeiro-ministro viu na sua personalidade características únicas que o poderiam ajudar nesta legislatura aos comandos de um dos ministérios mais importantes do Governo. Não contava é que o seu passado de décadas ao serviço da indústria petrolífera fosse agora posto em causa por uma multidão de ativistas do clima em que uma das palavras de ordem é pôr fim à energia fóssil. O que se viu em Lisboa neste fim de semana é mais do que um conflito de gerações, é um conflito no imediato, onde os governos são obrigados a rapidamente dar respostas a problemas com dezenas de anos. É evidente que as gerações mais novas têm tudo a perder com o fracasso que está a ser a cimeira do clima e que a sua voz deve ser ouvida. Mas declarar o fim dos fósseis é uma ilusão, semelhante às declarações da miss Universo que, quando ganha o concurso, pede paz para o Mundo. Este é um caminho que se faz caminhando. Aqui a questão é saber a velocidade com que o fazemos. Não pode ser uma corrida de 100 metros, é mais uma maratona de décadas. Os variados compromissos rompidos pelos países sobre o clima, isso sim são uma desilusão. A Agência Internacional de Energia acaba de alertar que a procura por combustíveis fósseis atingiu níveis máximos, provocando inflação e pondo em causa os objetivos de redução das emissões de gases de efeito estufa. A guerra na Ucrânia, que tanto nos preocupa, apesar de trágica, desnecessária e atroz, está a obrigar os europeus a acelerar ao máximo a transição ecológica para dispensar os combustíveis fósseis. Mas, a resposta atualmente só pode vir de duas fontes: as energias renováveis e a nuclear. Estamos naquele ponto em que a estrada se bifurca. Uma direção leva a acelerar a transição ecológica e a outra leva ao seu adiamento, mesmo com o risco de chegar a um ponto de irreversibilidade. É por isto que os ativistas "aqueceram" o clima na sede da Ordem dos Contabilistas. Costa Silva era o ministro que estava mais à mão: um sábado soalheiro e a escassos metros da manifestação.
*Editor-executivo