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Eu gosto da frase de Edmund Burke: "Não desespereis nunca e, se desesperardes, continuai a trabalhar".
De facto, neste mundo da pós-verdade, num país onde suportamos discussões sobre a flexibilidade da pedra e outros mimos, em lugar de ver propostas sobre os grandes desígnios nacionais, o momento é quase desesperante. Mas ainda há quem continue a trabalhar com entusiasmo. E sem alardes.
Foi o caso da Fundação Eng. António de Almeida, que celebrou o Dia Internacional dos Museus com o projecto “Casa Museu aqui ao lado”, dedicado ao Património da Cidade, às crianças e aos jovens. Visando o fortalecimento da ligação com as escolas da sua comunidade de Ramalde (objectivo do Sistema Educativo que parece relegado da cerimónia dos rankings). E ainda estimular o potencial criativo dos alunos, mostrando-o para que o observem e avaliem.
Ligar uma instituição ao seu território, através das artes praticadas pelas crianças e fazer das escolas veículo de desenvolvimento pessoal dos futuros cidadãos de uma democracia participada, que melhor propósito pode estabelecer-se contra a indiferença e a mediocridade? E o resultado foi um dia bem passado no parque-jardim daquela Fundação, visitada por 368 crianças e, depois, a presença de 166 pessoas numa exposição devida à participação de 30 docentes e à produção de 120 trabalhos individuais e colectivos. Intitulada “Aqui ao Lado”, nela colaboraram sete estabelecimentos de ensino da freguesia. E que exposição! Simples, delicada, sincera e imaginativa. Este sim, é o país que, mesmo na incerteza, continua, tranquilamente, a fazer o que deve.
O autor escreve segundo a antiga ortografia