Corpo do artigo
Há um conjunto de portugueses, ainda jovens em 2011, que sentiram um arrepio na espinha quando ouviram uma música inédita dos Deolinda filmada pelo público no Coliseu do Porto. "Parva que sou" foi considerada a música de uma geração que levou nas trombas - perdoem-me a expressão - com a grande crise deste século e que saiu à rua na, agora famosa, manifestação de 12 de março da "Geração à Rasca". No vídeo, que há uns dias me apareceu do nada no YouTube, é possível sentir o bruá do público a crescer à medida que percebe a letra que Ana Bacalhau canta: "Que mundo tão parvo/Onde para ser escravo/É preciso estudar". A música terá sido o gatilho para a mobilização. 12 anos depois, pergunto em tom de desafio: onde está o músico que será a voz dos que agora se encontram na mesma crise? Qual vai ser o 12 de março desta geração?
*Jornalista

