No ângelus do dia 16 de março de 2003, na iminência da invasão do Iraque pelos Estados Unidos da América, apesar da sua voz fraca, João Paulo II lançou um forte apelo à comunidade internacional: "Ainda há espaço para a paz", disse.
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O jornal do Vaticano "L"Osservatore Romano" dedicou a quase totalidade da primeira página a esse apelo do Papa, algo que não era habitual. A frase, em maiúsculas, ocupava quase metade da página, acompanhada da citação de um parágrafo que o Papa introduziu, de improviso, no texto oficial: "Eu pertenço à geração que viveu a Segunda Guerra Mundial e lhe sobreviveu. Tenho o dever de dizer a todos os jovens, aos que são mais jovens do que eu, que não tiveram esta experiência: Nunca mais a guerra!". Após aludir à sua experiência pessoal, João Paulo II recuperou uma frase de Paulo VI na sua primeira visita às Nações Unidas.
O Mundo não acolheu o apelo de Paulo VI. Os Estados Unidos não escutaram João Paulo II e, dias mais tarde, a 20 de março, invadiram o Iraque. Vinte anos depois, é claro que aquela guerra não resolveu nenhum problema do Iraque, antes pelo contrário: agravou ainda mais a instabilidade do Médio Oriente e potenciou muito o que se propunha combater - o terrorismo.
Hoje, continua-se a promover a guerra, apesar de já se saber que ela não soluciona, mas agudiza ainda mais os problemas da humanidade. O Papa Francisco, tal como os seus antecessores, tem denunciado a insanidade da guerra e apelado à paz. Quando lhe perguntaram qual o presente que gostaria de receber na celebração do 10.o ano do seu pontificado, respondeu: "Paz, precisamos de paz!". Porém, o presente que o Mundo lhe está a dar é uma "Terceira Guerra Mundial em pedaços". Entristece-o ficar para a história como o Papa deste período conturbado em que as armas se sobrepõem à diplomacia.
*Padre