Há sínodos que se fazem, encerram-se e continua tudo como antes.
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Não é esse o objetivo de um Sínodo, seja ele diocesano, nacional, regional ou mundial. Um Sínodo serve para pôr as pessoas a caminhar em conjunto. A palavra grega que está na sua origem, "sýnodos", significa isso mesmo. Nesse caminhar, pretende-se ouvir as opiniões de todos em ordem a desbravar caminhos novos.
É o que está a acontecer com a Arquidiocese de Lima, no Peru. No ano passado encerrou uma etapa de um caminho sinodal que vem vindo a percorrer. Da assembleia final saíram as ideias-mestras para uma carta pastoral do arcebispo Carlos Castillo e para um plano pastoral diocesano.
Este mês, em sintonia com a reflexão sinodal, D. Carlos Castillo apresentou as linhas de renovação da pastoral da capital peruana. O arcebispo afirma-se disposto a ir a Roma pedir autorização para implementar medidas que não estão autorizadas. Nomeadamente a possibilidade de "famílias, ou casais, ou grupos de esposos ou de leigos adultos mais velhos" poderem assumir paróquias e assim libertar sacerdotes para estes, por exemplo, aprofundarem os seus estudos.
Segundo o sítio Religión Digital há uns dias, essa proposta do arcebispo não agradou aos setores mais conservadores da Arquidiocese de Lima, que organizaram manifestações em frente ao Paço Arquiepiscopal. Nelas pediram ao arcebispo que seguisse a "santa doutrina da Igreja Católica". E acusaram-no de estar a "fazer uma espécie de experiência de ordem social e eclesiástica" que para eles não tem sentido.
Na verdade, D. Carlos não precisa de pedir autorização a Roma para confiar paróquias a leigos. O Código de Direito Canónico, a lei suprema da Igreja, aprovada por S. João Paulo II em 1983, já o prevê no cânone n.o 517 §2. Há quase 40 anos.
Contrariamente ao que se pensa, o Código abriu em muitos aspetos múltiplas possibilidades pastorais que ainda estão por explorar. Esta é uma delas: ainda que de forma juridicamente vaga, a paróquia confiada a um leigo ou grupo de leigos fica pastoralmente assistida. E, provavelmente, fica melhor do que muitas paróquias confiadas a um só sacerdote.
*Padre