Não há nenhum cenário em que um império financeiro sustentado numa rede densa de empresas, participações sociais, "offshores" cruzadas e poderes de representação em advogados não seja de desconfiar. Pouco importa uma eventual competência na construção da fortuna e na ascensão a uma posição de proeminência.
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Isto é simples: se é preciso esconder dinheiro atrás de circuitos opacos, é porque há dinheiro que precisa de ser escondido. Não há defesa que resista à perplexidade sentida por quem olha, daqui de baixo, para um sistema que protege os privilegiados e os abraça calorosamente, desde que o dinheiro continue a jorrar. A ganância é um vício para gente sem moral que faz esquecer escrúpulos e que atrai parasitas sem ética nem consciência. Gente que exibe fortuna numa mão enquanto esconde a outra atrás das costas, onde vai comer quem pode e não se importa, sôfregos e certos que não há mal que sempre dure.
É uma embriaguez alimentada a fluxos de resultados líquidos. Só que às vezes, muito raramente, alguém acende a luz, a festa acaba, a bebedeira que os cega é interrompida. Mas isto vai ser uma ressaca como as outras. Por mais promessas que se façam, eles vão voltar a beber.
Jornalista