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Escrevo esta crónica no Dia do Arquiteto, 3 de julho. Há dias para tudo e estes profissionais também têm o seu dia, que dedicam a João Abel Manta, arquiteto e pintor famoso. Como colega ainda em exercício e professor na área, assinalo o dia mas não tenho uma visão analítica muito positiva do futuro da profissão, que considero “asfixiada pela burocracia” hoje existente nas câmaras e administração Pública, com procedimentos avaliativos que chegam a atingir o absurdo.
Na “Escola do Porto” do meu tempo, ESBAP, havia uma salutar articulação entre as denominadas, na altura, “3 Artes”, que permitiam e conferiam aos arquitetos uma formação alargada da profissão e do sentido estético e urbano do seu exercício. Por outro lado, havia o hábito e a possibilidade de se trabalhar em escritórios de arquitetos durante o curso, conferindo conhecimento e experiência complementar, situação hoje, creio, inexistente. O que quer dizer que se alterou a formação e, sobretudo, o contexto burocrático de avaliar o exercício profissional e temos na administração pública “arquitectos e outros técnicos burocratas”, não por prazer mas por enquadramento normativo cada vez mais absurdo e asfixiante a que têm de dar resposta.
Em Dia do Arquiteto, a Ordem profissional e seus dirigentes não podem passar ao lado disto, até pela homenagem que fazem a um profissional e artista cidadão livre e não burocrata. A relação arquiteto / cidade /cidadania exige análise e discussão destes problemas, daqui da “Crónica” vamos dando os contributos possíveis mas os problemas institucionais precisam de abordagem frontal e corajosa, doutro modo para nada valerá lembrar os “dias do profissional”.