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O F. C. Porto ganhou ao Arsenal e continua a sonhar com a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões, para enorme frustração daqueles que estiveram a afiar as garras nos últimos dois meses, desde que o sorteio dos oitavos colocou os londrinos no caminho portista, suspirando por um desastre da única equipa portuguesa ainda em ação na liga milionária. Os recentes tropeções dos dragões no campeonato tinham ajudado a alimentar a expectativa de uma hecatombe. Daí o enorme azedume de muitos, antiportistas assumidos ou encapotados, havendo até quem quisesse diminuir o golaço de Galeno ao dizer que o guarda-redes ficou mal na fotografia, como se Raya tivesse asas para poder voar e chegar à bola.
Alguns desses comentários já não surpreendem, mas o mesmo não se pode dizer da azia, ainda que compreensível, revelada pelo treinador do Arsenal na análise ao que se passou no Dragão. Ficou muito mal a Mikel Arteta dizer que o F. C. Porto não quis jogar quando esteve perto do golo ainda antes da obra-prima de Galeno, bem como as críticas que fez ao árbitro [“Não podíamos tocar em ninguém que era logo falta” ], que se limitou a aplicar as regras. Parece que o espanhol também foi dos que pensaram que iam ser favas contadas e acabou surpreendido pela estratégia de Sérgio Conceição. Fiquei com a ideia que o portista estudou bem o adversário e Arteta não fez o trabalho de casa. O que se viu no Dragão foi um Arsenal incapaz de criar uma única oportunidade de golo em todo o jogo - acabou sem remates à baliza de Diogo Costa - e era isso que o devia preocupar. Há muitos anos em Inglaterra, como jogador e técnico, e ainda não bebeu do tradicional fair-play de que tanto se gaba o futebol inglês.
O futebol português acaba, infelizmente, de perder alguém que foi um “gentleman” toda a vida e que lhe podia ensinar a ser mais respeitador: Artur Jorge, o homem que fez do F. C. Porto campeão europeu em 1987.
*Editor-adjunto