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A Igreja Católica tem muito a ganhar em escutar os seus fiéis, os mais afastados e até os não crentes. É essa a convicção do Papa Francisco ao propor a consulta do mais vasto número de pessoas possível em ordem ao Sínodo dos Bispos de 2023.
Na semana passada foi divulgada a síntese dos contributos de diferentes organizações. Temia-se que, tal como aconteceu com os relatórios de certas dioceses, se amaciassem as críticas e não transparecessem as questões mais debatidas, como a participação dos leigos nas decisões, o celibato obrigatório, a ordenação de mulheres, o acolhimento das pessoas independentemente da sua orientação sexual e dos divorciados recasados.
Nada disto foi escamoteado no relatório enviado à Santa Sé. O relatório, no entanto, considera que estas questões importantes não são as mais decisivas para o processo que o Papa lançou.
Decisivo para Igreja será tornar esta dinâmica sinodal permanente, alargando o mais possível o número de pessoas consultadas: "As atitudes de escuta, de acolhimento, de diálogo e de caminhar em conjunto são uma aquisição para a Igreja que todos desejam amplamente", refere a síntese.
É longa a lista de reparos que as diferentes comunidades fazem à Igreja. Todavia, "apesar destes aspetos negativos, na verdade a Igreja é tida globalmente como uma instituição credível, presente nos locais onde ninguém ousa ir e solidária com os mais desfavorecidos, a quem presta assistência, mesmo quando falham todas as outras respostas sociais".
O primeiro passo está dado - o da escuta e da corajosa divulgação das apreciações negativas e positivas dos que participaram nesta consulta. Agora é necessário assumir os erros e corrigi-los. E potenciar ao máximo as virtualidades encontradas.
Com critério, a ação futura terá de combinar estratégia, ponderação e determinação.
*Padre