A Associação Empresarial de Portugal publicou um estudo de atualização das dinâmicas socioeconómicas regionais, em que apesar das limitações da informação desagregada por regiões, retrata com alguma segurança a evolução estrutural desde o início da presente década. Não sendo surpreendentes, os resultados devem merecer atenção e reflexão por parte de todos, em especial do poder político.
Corpo do artigo
A população residente em Portugal iniciou uma fase de diminuição contínua, com projeções que apontam para um agravamento desta tendência. Com exceção de Lisboa, as restantes regiões portuguesas viram a sua população diminuir, sendo as perspetivas a médio, longo prazo particularmente gravosas no Norte, que perderá o estatuto de região mais populosa do país. A redução do peso da população jovem continuará a ser acompanhada pelo reforço da população idosa, tendência que será transversal a todo o país.
Nos indicadores qualitativos do mercado de trabalho, apesar da redução do peso da população empregada com um nível de ensino básico, o seu valor mantém-se muito elevado, sendo superior a 50% na maioria das regiões. Este indicador, conjugado com a proporção muito significativa de inativos e desempregados com formação superior, mostra uma situação penalizadora da produtividade e competitividade. Se por um lado temos de aproveitar os nossos recursos mais qualificados, também é óbvia a necessidade de melhorar a qualificação média dos nossos jovens. O desafio de aumentar o número dos que frequentam o Ensino Superior tem de ser ganho, como uma das condições base do sucesso da competitividade global do país.
O nível de investimento continua muito baixo, permanecendo ainda algumas fragilidades estruturais em resultado do programa de assistência externo, nomeadamente ao nível da autonomia financeira e endividamento das empresas. O aumento da intensidade exportadora da economia ao longo da última década é uma boa notícia, com o destaque para a Região Norte, que aumentou o seu peso nesta variável de 37% para 40%, denotando ainda um upgrade no perfil de especialização e modernização do tecido produtivo. Apesar disso, os indicadores de inovação e de competitividade regional da Comissão Europeia continuam a mostrar o insuficiente grau de desenvolvimento das regiões portuguesas.
Esta é a realidade que nos move e que deveria concentrar os esforços e atenção de todos nós.
*Prof. catedrático, vice-reitor da UTAD