As escolas do meu (des)conforto!
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As obras (faraónicas!) da Parque Escolar, agora Construção Pública, realizadas em algumas escolas públicas portuguesas (já a necessitarem de intervenções de conservação/reparação!), afiguraram-se uma exceção assaz dispendiosa, assentes em critérios ininteligíveis para o comum dos mortais por comparação com as centenas de obras de requalificação e modernização nos últimos anos a cargo dos municípios, aconchegadas por financiamento comunitário, malgrado os números quantificados recentemente pelo ministro da Educação que dão conta de mais de 500 edifícios em estado degradado.
O Governo anterior sinalizou, em dois anúncios públicos no espaço de um ano, 451 estabelecimentos de ensino do 2.o e 3.oºciclo e do Ensino Secundário a carecerem de intervenções profundas de requalificação, orçamentando, para o efeito, um investimento de 1730 milhões de euros até 2033, ficando-se, contudo, pelas intenções.
Feitas as contas, é urgente colocar mãos à obra!
Este diagnóstico presumirá a atualização dos valores envolvidos, num plano de recuperação a acordar com as autarquias, porém, com financiamento que não dependerá totalmente de fundos europeus.
Tendo em conta um histórico pouco animador, cientes da urgência da resolução do problema, impõe-se que:
i) esta constatação não seja um anúncio vapor, que se esfume e desvaneça, defraudando as expectativas e as reais premências;
ii) não sejam obras de Santa Engrácia, exigindo-se uma calendarização rigorosa, o mais brevemente possível.
Em inúmeras escolas, há muito que as condições de trabalho de alunos e professores são degradantes, tratando-se esta de uma situação tão crítica como a escassez de docentes. Vidros partidos, caixilhos danificados, frio e chuva, casas de banho deterioradas, ausência de espaços comuns são algumas das debilidades/insuficiências graves a suprir pelos responsáveis governamentais.
São fatores de desigualdade, que influem nos resultados académicos, com repercussões nefastas no dia a dia e no futuro dos discentes. É inadmissível assistir-se, de novo, a alunos com cobertores ou mantinhas nas salas de aula por degradação extrema das instalações, competindo-nos alertar e apelar à resolução deste cenário.
Para estas escolas, é necessário o que têm centenas de outras, com condições de trabalho prazerosas, das quais nos devemos orgulhar, exigindo-se a monitorização da sua conservação, agora da competência das autarquias.
A existência de um edificado conservado é pedra basilar para melhor funcionamento de qualquer instituição, contribuindo para a melhoria do ambiente de trabalho, da motivação e, neste caso, da aprendizagem.