As aulas já começaram em muitos estabelecimentos de ensino privado. No sistema público, o ano letivo inicia-se entre 14 e 17 de setembro. O regresso faz-se com medo e enche-se de incertezas.
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Neste contexto, o apoio da Direção-Geral da Saúde é fundamental e deve concretizar-se não em forma de documentos burocráticos, mas através de uma comunicação direta e eficaz. É incompreensível que diretores de agrupamentos e de colégios se sintam sozinhos, e desesperados, na preparação do novo ano.
Esta semana divulgaram-se algumas orientações para as aulas de Educação Física. Vagas, reconheça-se. Também se prometeu a divulgação de procedimentos quando se verificarem "uma suspeita, um caso ou um surto". Talvez tivesse sido avisado planear isso há mais tempo... Agora, é preciso acelerar, porque convém fazer outra coisa: falar com as escolas. Ajudá-las.
Na sequência dos textos que aqui escrevo sobre este tema, tenho recebido muitas mensagens de diretores de agrupamentos que me falam da angústia presente na preparação deste ano letivo. Sentem-se sozinhos. Em algumas escolas, pais que são profissionais da saúde vão dando sugestões para a gestão dos espaços físicos e isso funciona como uma espécie de mapa que parece colocar a escola num itinerário mais seguro. Não é assim que se deveria planear o regresso às aulas presenciais.
Já sabemos que será impossível manter o distanciamento físico desejado. Não há salas para tantos grupos, nem professores para os desdobramentos necessários. Também não existe espaço nas cantinas para tanta gente que não tem outro sítio para almoçar. Nem disponibilidade para fazer aulas de Educação Física com distanciamento de 3 metros entre os alunos, principalmente quando o frio apertar ou a chuva não der tréguas. A Direção-Geral da Saúde, através das administrações regionais de saúde e estas através das autoridades de saúde local, deve promover maior proximidade às escolas. Elas são centrais na gestão desta pandemia. O primeiro-ministro já disse que um aluno infetado não fechará uma escola, mas esses casos vão destabilizar algumas turmas e várias famílias. É preciso, pois, planos de contingência muito apurados e aptos a entrar em funcionamento de imediato. Sem falhas.
Não serão fáceis os próximos meses. A chave de tudo é: planear, planear, planear. É, pois, altura de a autoridade sanitária nacional ser mais pró-ativa na prevenção, mais próxima das instituições que precisam de ajuda, mais eficaz na comunicação. As escolas precisam de orientação. Falhar nisso será um erro que não se desculpará.
Professora Associada com Agregação da Universidade do Minho