"Esta foto não é em Itália, nos Estados Unidos, na China ou num sítio qualquer longínquo. É no Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel. Com profissionais da nossa terra, de Lousada. Pessoas conhecidas, nossas amigas, nossas familiares. Mais do que lhes bater palmas, que merecem sem sombra de dúvida, vamos contribuir com comportamentos responsáveis para evitar que continuem a trabalhar sob pressão, completamente exaustos".
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Esta é a descrição de uma fotografia, partilhada nas redes sociais, que mostra dois profissionais do Hospital Padre Américo, em Penafiel, a ajudar um outro, que está de cócoras e de cabeça baixa, a erguer-se.
A imagem obtida pela enfermeira Vera Ferreira, durante a primeira vaga da pandemia, retrata o espírito de solidariedade e de equipa de quem está na linha da frente no combate à covid-19. Não é uma fotografia para guardar e rever mais tarde. É um retrato que todos devíamos fixar. É também um quadro que devia estar exposto nos gabinetes das autoridades de saúde e políticas. As que decidem. As que emitem normas e orientações. Que sirva para que a comunicação, especialmente com os mais jovens, melhore. Sobretudo que ajude a evitar regras com dois pesos e duas medidas, para que ajuntamentos como aqueles a que assistimos ontem na famosa praia das ondas gigantes da Nazaré não legitimem o ditado "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço".
Podemos estar perante novas restrições, mais ou menos circunscritas, com mais ou menos consenso. Podemos passar do estado de calamidade para o de emergência e recolher obrigatoriamente. Mas o esforço muito grande para salvar o Natal, como os nossos políticos têm pedido, depende de um modelo claro, sem disparidades e que não alimente uma sensação de desnorte e falta de controlo.
*Diretor-adjunto