A burguesia portuense viajava pela Europa e visitava as Galerias de Arte. Mas, aqui, o ambiente não era propício a devaneios de gente interessada no deve-e-haver e no retrato nas Irmandades e Ordens Terceiras.
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Ramalho diria que “Não temos escola, não temos galerias e não temos público (...…)” (injustamente, pois a Academia de Belas Artes formava artistas talentosos). De qualquer modo, muitas Exposições sucediam na Galeria da Misericórdia e no Ateneu Comercial. Até aos anos 30 do séc. XX, a situação não se alteraria. Surgiu então, em Cedofeita, numa loja de antiguidades, o Salão Silva Porto, onde expunham, em especial, os académicos. Por seu lado, o Ateneu continuava a manter a actividade. Ambos, longe da multidão.
A modernidade estética chegaria à cidade nos finais dos anos 40, com a abertura, na Rua de Stº. António, da Galeria da Livraria Portugália. Além da arquitectura inovadora e do interior sofisticado, a Portugália constituiu verdadeiro polo cultural que reunia um escol literário e expôs a vanguarda artística da época. Como era boa demais durou talvez dez anos. Mas a moda de livrarias com galeria estava lançada e surgiria a Divulgação a que sucedeu a Leitura.
Em 1954, a Galeria Dominguez Alvarez e, em 1963, a Árvore abririam as portas a novos públicos. A instalação de Galerias no chamado Quarteirão das Artes, alteraria por completo a tradição. Ali, três ou quatro ruas converteram-se em montras que colocaram as artes visuais “ao nível do rés-do-chão” e para toda a gente. Os sábados das aberturas simultâneas são – para mim – momentos exaltantes da vida cultural portuense.
* Professor e escritor
O AUTOR ESCREVE SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA