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Foi preciso esperar por Jerónimo de Sousa para se ouvir no Parlamento o que toda a gente comentava na rua: vai o Governo anular, ou no mínimo adiar, a introdução das portagens
Há coisas espantosas na política em Portugal. Na quinta-feira, o Parlamento, respondendo a uma iniciativa do PCP, revogou a lei dos chips. O País assistiu a um debate que levou à AR utentes e autarcas dos concelhos das SCUTs que o PS quer portajar. Esperar-se-ia que no dia seguinte, no debate quinzenal, prosseguisse um debate que continua a suscitar muita polémica.
Só que, falou Sócrates, Miguel Macedo e… nem uma só palavra sobre SCUT. Parecia que nada acontecera na véspera! (estão a combinar um novo tango, terá pensado alguém atento...). Mas, logo depois, vieram Portas e Louçã e o silêncio sobre SCUT… ficou ensurdecedor! Nenhum deles pareceu ter estado em Portugal naquela semana! (que outra razão pode, aliás, explicar o mutismo de quem é conhecido por agir pelo que é notícia dos jornais?).
Foi preciso esperar por Jerónimo de Sousa para se ouvir no Parlamento o que toda a gente comentava na rua: vai o Governo anular, ou no mínimo adiar, a introdução das portagens, vai o Governo respeitar a vontade política da AR?
Para Sócrates - disse-o na resposta ao PCP - é injusto que o PSD queira impor portagens no interior centro e norte do país (A23, A24, A25), já que "não há ali alternativas e a riqueza é inferior à média nacional", afinal os critérios que o PS anunciara para não portajar SCUT. Também acho injusto, só que, como faz desde que tomou posse em 2005, Sócrates tenta mais uma vez dividir os portugueses, escondendo que a A29, a A28 ou a A42 também não têm alternativas e que, por exemplo, em Esposende, Estarreja, Ovar, Paços de Ferreira, Lousada ou Viana, a riqueza também é inferior à média nacional…
O que não é justo é aplicar critérios conforme as conveniências e exportar as injustiças da AM do Porto para o resto do Norte, o Centro ou todo o país.