A difusão de avisos de emergência pelos telemóveis continua subaproveitada e ridiculamente mal concebida.
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A maioria dos portugueses recebeu nos últimos dias uma SMS alertando para chuva forte e persistente e risco de cheias e inundações. A mensagem aconselha ainda o utilizador a seguir as recomendações das autoridades. E é aqui que tudo se complica, para quem tiver paciência. Já para quem não for perseverante ou não tiver tempo, a comunicação termina naquele preciso momento, face à ineficácia do serviço.
O sistema de alertas por SMS à população foi criticado por não ter sido acionado antes das primeiras cheias em Lisboa, mesmo depois do aviso vermelho do IPMA. As desculpas foram várias. Mas o problema não se fica por aqui. O serviço é mau e pouco eficiente. À Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil exige-se mais e melhor.
Comecemos pelo remetente "Aviso PROCIV". Se estamos perante um aviso de mau tempo, qual a razão para o assunto não ser direto? Quantos portugueses sabem o que é PROCIV? Quantos não desvalorizarão imediatamente a mensagem só pelo assunto? Se é um aviso de mau tempo, o remetente deve ser isso mesmo: "Aviso MAU TEMPO".
Segue-se o dispositivo, o recetor da mensagem. Se é uma SMS, destina-se aos smartphones, certo? Assim devia ser. Só que a navegação pelo site da Proteção Civil, ao qual se acede quando se procura por mais informação na SMS recebida, é impossível. Não está preparado para mobile! De resto, para se chegar a uma informação concreta, é necessária uma série de cliques. A falta de usabilidade e sentido prático chega a ser ridícula.
O sistema de alertas por SMS custou ao Estado quase um milhão de euros. Cada operadora recebeu cerca de 250 mil. Tem de funcionar bem. Já o site da Proteção Civil dava um caso de estudo do que não se deve fazer.
Fica a ideia de que os emissores das SMS da Proteção Civil nunca as abriram. Nem eles, nem quem ordenou o envio das mensagens.
*Diretor-adjunto