<p>O Governo autorizou a construção da primira linha de metro para Gondomar, parece que depois de José Sócrates se ter dado ao trabalho de desbloquear um dossiê que ameaçava entrar num impasse igual ao de tantos outros dossiês importantes para a Área Metropolitana do Porto e para a região Norte. Os beneficiários da nova linha devem, portanto, agradecer o esforço do sempre incansável primeiro-ministro. A novidade devia ser, aliás, motivo de festa rija, dada a escassez com que são anunciadas linhas que estão previstas nos contratos assinados entre a Metro do Porto e o Governo.</p>
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O anúncio foi feito na mesma semana em que, de visita ao Porto, o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, desdisse o que tinha dito a sua secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, poucos dias antes: ela lançou a possiblidade de o Governo deixar cair algumas das linhas previstas, por falta de pilim; ele negou problemas e garantiu que tudo se mantém de acordo com o programado. Para quem tem acompanhado o processo, estes ziguezagues são já um (triste) hábito.
Não viria daí mal ao mundo, se as consequências não fossem graves. Ocorre que são. Os autarcas da Área Metropilatama já foram, por exemplo, obrigados a abdicar do controlo da empresa Metro do Porto, para, em troca, terem a garantia de que as obras avançariam. Perderam "pau e bola". As obras da Trofa e da Boavista não avançam. E a gestão da Metro do Porto passou a responder apenas aos anseios do Governo, pois claro.
O que espanta no meio desta miséria? O facto de haver autarcas do PS, como Mário de Almeida, que têm o topete de achar que "as coisas estão a melhorar". Como? ! As coisas estão a melhorar? O autarca de Vila do Conde diz que também ele "gostava de maior celeridade" na resolução dos problemas, mas como "ela não possível", resta-nos acreditar, eterna e ingenuamente, na boa fé do Governo.
Entristece ver autarcas experimentados como Mário de Almeida resignarem-se desta forma. Esse é o pior serviço que pode prestar-se à região. No caso do Metro, é óbvio que o tratamento dado pelo Governo à Área Metropolitana do Porto está longe, muito longe de ser o mais adequado.
Talvez valha a pena recordar a Mário Almeida pequenos factos. Quando se mudou o modelo de gestão da Metro, Ana Paula Vitorino justicou-o deixando entender que os autarcas que lá estavam eram incompetentes; a Metro tem recebido as mais baixas indemnizações compensatórias do Estado; o passivo resulta em muito do garrote que lhe tem sido imoposto pelo Governo; o projecto do Metropolitano de Lisboa é mais caro e pior gerido (basta recordar o afundamento do metro no Terreiro do Paço), mas muito mais acarinhado pelo Governo. Mesmo assim, Mário Almeida acha que as coisas estão a melhorar?