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Tenho como regra evitar abordar temas que possam direta ou indiretamente interferir com os domínios da atividade de entidades em que tenha estado envolvido com responsabilidades de decisão. Foi assim com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, Agência de Inovação e Área Metropolitana do Poto, será obviamente assim com a CCDRN. Mas quando sinto haver um dossier que pode gerar consenso, ou mesmo união, parece-me ser positivo e útil partilhar a minha opinião. É o caso das pequenas infraestruturas rodoviárias que se impõem ainda concretizar na Região do Norte de Portugal.
As negociações do Portugal 2020 com a Comissão Europeia foram longas e muito difíceis, com um conjunto de imposições por parte da entidade europeia financiadora que condicionaram muito a formatação dos programas, temáticos e regionais, bem como a sua estruturação financeira. No que concerne ao programa regional NORTE 2020, se o foco na Ciência, Inovação e Competitividade das PME não mereceu reservas, já o financiamento dos temas que se relacionam com infraestruturas físicas foi muito difícil de gerir. Se para os investimentos em escolas ainda se conseguiu manter o envelope financeiro aberto, ficando a Região Norte com quase metade do valor do total nacional, já no que respeita ao financiamento de um conjunto de pequenas ligações rodoviárias, conhecido como o dossier "last mile", a CE foi irredutível em considerar esta questão como prioridade negativa, impondo mesmo a sua retirada da proposta de PO Regional como condição sine qua non para a sua aprovação em finais de 2014 e fazendo assim cair a dotação financeira de cerca de 110 MEuros de FEDER mantida até ao último momento. Correndo o risco de algum esquecimento, realço o troço Baião-Ponte da Ermida, com influência para Cinfães e Resende; ligação da A32 a Arouca; ligações da A4 a Vinhais e Vimioso; alternativa à N222 para Armamar, Tabuaço, Moimenta e Pesqueira; ligação da A3 a Paredes de Coura; variante à N14 para Maia e Trofa; ligação da A28 ao Porto de Viana do Castelo.
A concretização destas operações seria, e será, um enorme contributo para a coesão do território, seja na sua dimensão económica, ou social. E se este é um tema que nos pode unir a todos, porque não desafiar Governo e Oposição a acertarem um calendário para a sua realização?
PROF. CATEDRÁTICO, VICE-REITOR DA UTAD