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Infelizmente, não são só os idosos ou pessoas com doenças crónicas as mais expostas às mortes por calor. As mortes por temperaturas extremas no trabalho são uma realidade crescente, especialmente no contexto de ondas de calor cada vez mais prolongadas e intensas, como está a acontecer neste verão. Todos sabemos que os trabalhadores ao ar livre, especialmente na agricultura, construção civil, manutenção de estradas ou recolha de lixo, são os mais expostos a este fenómeno. A verdade é que ninguém sabe a dimensão do problema porque não há estatísticas que reflitam o seu impacto. Não há um registo sequer de uma única morte por calor em situação de trabalho.Até ao início do mês, Portugal registou 264 mortes em excesso no período de alerta de calor, mas por falta de informação mais criteriosa não sabemos se foi em ambiente de trabalho ou não, impedindo que estes dados sejam incorporados automaticamente nas estatísticas.Sabemos que é um problema grave porque a Organização Internacional do Trabalho (OIT), nos seus mais recentes dados, refere que o calor excessivo está a causar um aumento global de mortes e lesões relacionadas com o trabalho. A OIT estima que ocorram cerca de 19 mil mortes anualmente no Mundo devido a exposições ao calor. E no contexto europeu, as mortes relacionadas com o calor no trabalho aumentaram 42% desde o início do milénio.Era bom aproveitar a discussão da reforma laboral, iniciada por este Governo e que brevemente será discutida com os parceiros sociais, e pensar em reformular as condições mínimas de segurança e saúde no trabalho associados ao calor.