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Em 2023, no momento em que se assinala mais um Dia Internacional da Mulher (a efeméride celebra-se amanhã, 8 de março), muitas mulheres estão a sentir um agravamento brutal das suas condições de vida. Desde o radical aumento do custo de vida (alimentação, energia, habitação, etc.), à insuficiência de respostas dos serviços públicos, seja na educação ou na saúde, à ameaça à paz global. Enquanto trabalhadoras, cidadãs e mães, as mulheres estão sujeitas a pesados sacrifícios no seu quotidiano e a ver hipotecados os seus direitos, a sua emancipação e autonomia, os seus sonhos e o seu futuro.
Se concordamos que uma mulher sem independência económica está mais vulnerável em vários domínios da vida, porque há tanta resistência a aumentar salários e pensões, sabendo que o resultado será mais pobreza e exclusão social? Porque persistem as desigualdades salariais? Porque é que o acesso aos direitos sexuais e reprodutivos é cada vez mais limitado, fruto do desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde?
A luta pela igualdade não se mede em palavras nem em declarações de intenções, mas em ações concretas, transversais a vários domínios. Para que possamos celebrar os direitos das mulheres, é necessário efetivar políticas, na lei e na vida de todas as mulheres, que acabem com as desigualdades estruturais, através de uma melhor distribuição da riqueza, do aumento dos salários e das pensões, de mais e melhores serviços públicos, de habitação a custos acessíveis, de melhores transportes; que se erradiquem todas as formas de violência contra as mulheres, prevenindo as suas causas e combatendo-as.
Se, a cada ano, no Dia Internacional da Mulher, se afirma o muito que ainda é preciso lutar para que a igualdade no trabalho e na vida seja uma realidade vivida e usufruída por todas as mulheres, e para que a paz e a justiça sejam um bem vivido pela humanidade, este ano a voz é ainda mais forte porque quaisquer retrocessos são inaceitáveis e esbarrarão na luta organizada das mulheres. Expressão desta luta é a Manifestação Nacional de Mulheres, que se realiza este sábado, dia 11 de março, em Lisboa, organizada pelo MDM, que traz à rua milhares de mulheres para defender os seus direitos, que calorosamente saudamos.
*Deputada do PCP no Parlamento Europeu e membro da Comissão dos Direitos das Mulheres e Igualdade dos Géneros do Parlamento Europeu