Ainda não é uma realidade global, infelizmente, mas acredito que um dia destes deixaremos de andar preocupados com as quotas de mulheres nas diversas atividades. Pelo menos dentro do espaço que nos habituámos a classificar como Primeiro Mundo, onde cada vez mais existe a força da lei para arbitrar e, vá lá, equilibrar a eterna guerra dos sexos. Se a realidade continuar a evoluir neste sentido, a situação vai inverte-se não tarda, o que nem soa a injustiça, atendendo a que, durante longos séculos, a mulher sempre foi subalternizada.
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Existem todos os dias pequenos sinais do efeito positivo desta tendência. Com o fim de um verão que nunca chegou verdadeiramente a nascer, segue-se aquela pequeníssima estação imediatamente antes do outono marcada por frases tontas. Chama-se "rentrée política" a este período em que somos fustigados por violentas tempestades em copo de água, sobretudo quando em ano eleitoral. Não se pense, porém, que tudo é mau. Numa altura em que muitos se queixam que as alterações climáticas estão a dar cabo das estações do ano, pelo menos esta mantém-se estupidamente coerente. Nestas semanas de fechar as listas às legislativas, as cúpulas dos partidos dedicam uma boa parte do tempo a negociar a predominância deste ou daquele nome. De há um tempo a esta parte, conta-se, já de calculadora por perto, para cumprir as paridades do sexo. Foi nesta fase do processo que o Iniciativa Liberal se deparou com um problema, tornando-se, provavelmente, no primeiro partido em Portugal a necessitar de corrigir as listas - de Portalegre - por... falta de homens.
As paridades, as quotas e as injustiças não me impedem de continuar a defender que o mérito, e não o género, deve ser tido em conta na hora de escolher alguém para um cargo. Só que, por vezes, as leis, mesmo as mais absurdas, são muito necessárias para corrigir as dinâmicas de uma sociedade que resiste tanto à mudança.
O futuro dirá se situações destas passarão de surpreendentes a vulgares, até chegarmos ao dia em que não será preciso terem uma calculadora à mão para elaborar as listas, enterrando-se uma lei que, então sim, deixará de fazer sentido.
Enquanto não acontece - feministas, desculpem-me - continuo a sentir-me bem como homem que coloca a mulher num plano superior. E anotem o exemplo: (deixa cá ver... 6+3, espera... mais uma... 10, exato) a minha mãe carregou uma dezena de filhos, coisa que eu nunca seria capaz de fazer, mesmo que nascesse outra vez e com outro sexo. Portanto, a minha vénia e profundo respeito. A todas.
* EDITOR-EXECUTIVO