O Apostolado de Oração (AO) celebrou este fim de semana 175 anos de presença em Portugal com um colóquio, em Fátima, sobre a espiritualidade do Coração de Jesus.
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Este movimento surgiu no seio da Companhia de Jesus, em meados do século XIX e tinha por objetivo divulgar a devoção ao Sagrado Coração, promover a oração pessoal e dinamizar os associados a rezarem durante o mês por uma intenção proposta pelo Santo Padre. Este mês, por exemplo, o Papa Francisco pede que se reze "para que o sopro do Espírito Santo suscite uma nova primavera missionária na Igreja".
Como instrumentos para a divulgação da espiritualidade do movimento e das intenções do Santo Padre, o AO tem duas revistas. O "Mensageiro do Sagrado Coração de Jesus" e a "Cruzada". A primeira destina-se a um público adulto, enquanto a segunda se dirige mais a crianças e adolescentes. Publica também umas pagelas em que os associados podem encontrar as intenções propostas pelo Papa para vários meses. Nos últimos anos começou a utilizar as novas tecnologias para pôr os jovens a rezar em sintonia com o Papa.
Em 2010, o AO lançou em Portugal o "Passo a rezar". Todos os dias disponibiliza um ficheiro áudio com uma oração com cerca de 10 minutos, que pode ser descarregada da Internet e ouvida em qualquer dispositivo eletrónico, desde o telemóvel ao "tablet".
Quatro anos depois, surgiu em Portugal a aplicação que ajuda os utilizadores a dedicar três momentos do seu dia à oração, em sintonia com a espiritualidade do AO. Essa aplicação estendeu-se a todo o Mundo e, nesse ano, o AO mudou de nome e passou a ser a "Rede Mundial de Oração do Papa".
O Papa Francisco tem também utilizado a Internet para divulgar vídeos em que propõe as suas preocupações e pede aos cristãos para rezarem por elas durante esse mês. É o "Vídeo do Papa", que pode ser descarregado na página do sítio da "Rede Mundial de Oração do Papa". A partir daí é difundido com inúmeras partilhas pelas redes sociais.
Para além das novas roupagens que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus tem assumido nos últimos tempos, esta também tem de se atualizar e renovar para atingir e falar aos corações das mulheres e dos homens de hoje. O padre José Frazão Correia, provincial dos jesuítas em Portugal, afirmou mesmo, em Fátima, que "a devoção ao Coração de Jesus precisa de ter liberdade e coragem para dizer adeus a si mesma". Ou seja, libertar-se das práticas e dos rituais do passado, adaptados aos homens e mulheres do século XIX, mas que não se adequam aos do século XXI e não têm em conta a renovação que o Concílio Vaticano II introduziu na Igreja. A devoção ao Sagrado Coração, para aquele sacerdote jesuíta, tem de promover uma "fé viva e sensata, que vive e faz viver".
Apesar de a Igreja habitualmente olhar com desconfiança para as novas tecnologias, e de aderir com cautela à sua utilização, acaba por encontrar nelas meios eficientes para atingir os seus fins. Contudo, não basta usá-las. É também necessário renovar a mensagem que através delas se quer veicular.
*PADRE