O Papa Francisco, ao fim de quase dez anos, continua a surpreender - ou talvez não. Limita-se a ser coerente com as ideias-chave que tem vindo a propor à Igreja.
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Uma delas é a atenção às "periferias geográficas e existenciais". No passado domingo, aproveitou a nomeação dos novos cardeais para chamar a atenção para algumas dessas periferias do catolicismo que estão bem no centro do seu coração.
Sinal dessa atenção do Papa às periferias são várias das suas nomeações para receberem o barrete cardinalício no próximo dia 27 de agosto. Pela primeira vez na história da Igreja, a Amazónia vai ter um cardeal: D. Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, no Brasil. Na sequência do Sínodo da Amazónia, o Papa escreveu a Exortação Apostólica "Querida Amazónia", uma verdadeira declaração de amor àquela parcela do planeta. Agora, dá mais um sinal do seu carinho pela região das florestas tropicais.
A recém-criada província eclesiástica de Díli, no ultraperiférico Timor-Leste, foi também distinguida pelo Papa. O primeiro arcebispo metropolita de Díli, D. Virgílio do Carmo da Silva, será também cardeal.
Outra nomeação surpreendente é a de D. Giorgio Marengo, com apenas 47 anos, missionário de origem italiana, o atual prefeito apostólico de Ulan Bator, na Mongólia. Uma prefeitura apostólica é uma circunscrição eclesiástica, equiparada a diocese, mas que, por razões várias, ainda não pode assumir esse estatuto e depende diretamente do Papa. Existem várias na China e em outras latitudes do globo. Esta, na Mongólia, cobre uma área com cerca de 3,5 milhões de habitantes, dos quais apenas 1400 são católicos.
O Papa continua atento às periferias. Pena é que não seja humanamente possível cuidar de todas elas. E que aqueles que o deveriam coadjuvar não sejam tão sensíveis, como ele, às dioceses mais pequenas e distantes.
*Padre