As pessoas que se amanhem

À hora em que escrevo, no site da empresa Metro do Porto continua a estar em destaque que, a partir de 23 de outubro, a Via Panorâmica do Porto seria cortada por força da empreitada de construção da Linha Rubi. Esta (des)informação foi objeto de publicidade que, presumo, custou milhares de euros de dinheiros públicos em diversos órgãos de Comunicação Social. Passando por cima do “pormaior” de este anúncio ter sido feito antes da autorização do município, a verdade é que, também hoje (e neste caso nos próximos dias), o percurso alternativo à Via Panorâmica, que a Metro do Porto publicitava, não está construído, pelo que nunca seria possível cortar esta via de acesso a diversas casas e à Faculdade de Arquitetura.

Esta é uma demonstração da falta de respeito com que as pessoas são tratadas. A que se associa uma completa irresponsabilidade na gestão da informação (que credibilidade pode merecer a mesma depois deste “engano”?) - elemento fundamental no processo de minimização do impacto de uma obra com esta dimensão. E da falta de rigor na gestão de dinheiros públicos, com milhares de euros deitados ao lixo com informações falsas. Ninguém tira consequências destes erros?

Mas, pelos croquis que acompanham esta campanha (des)informativa, constatamos que vai ser condicionada uma das faixas de rodagem no acesso (sul e norte) ao Campo Alegre. Ou seja, uma das principais entradas no Porto, que era composta por três faixas de rodagem (Bus, acesso ao Bom Sucesso e acesso à Praça da Galiza), vai passar a ter apenas duas. Imagina-se o transtorno que isto vai causar, com consequências diretas na já congestionada VCI.

Mas o que choca é a sensação de que isto é feito sem a preocupação de estudar alternativas que minimizem o impacto que obras desta dimensão provocam, sempre, na vida das pessoas! É previsível que o nó de Bessa Leite passe a ser mais utilizado: está planeada alguma coisa para o tornar mais operacional? Há uma via, muito pouco utilizada, de acesso das proximidades da Faculdade de Arquitetura à Via Panorâmica (para quem vem da VCI Norte): não podia ser reperfilada e alterado o seu sentido para criar uma alternativa ao caos?

Não, apenas há a preocupação com as medidas passivas de sinalética. Quanto ao resto, as pessoas que se amanhem...