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O Jornal de Notícias não faz sondagens sobre intenções de voto. O JN publica sondagens executadas, a seu pedido, por entidades especializadas. As sondagens são conduzidas de forma independente e de acordo com critérios científicos devidamente publicitados. De uma forma mais acessível ao público em geral, através da chamada "Ficha técnica", que obrigatoriamente acompanha as notícias. De uma forma exaustiva, através do obrigatório depósito feito na Entidade Reguladora para a Comunicação Social e disponibilizado no site deste organismo público.
Uma das entidades mais prestigiadas nesta matéria - provavelmente a mais prestigiada - é o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica. E foi com base nessas garantias de credibilidade e imparcialidade que o JN a escolheu para, nesta campanha eleitoral, executar seis sondagens noutros tantos municípios: Vila Nova de Gaia, Maia, Braga, Lisboa, Matosinhos e Porto (ordem pela qual foram publicadas).
Todas estas sondagens suscitaram discussões acaloradas. É natural. Algumas originaram dúvidas por parte de candidatos que viram as suas expectativas frustradas. Também é natural. Mas houve uma, a do Porto, que teve reações que não se podem considerar normais. Sobretudo porque foi entretanto seguida por uma outra sondagem, executada pela mesma entidade, com os mesmos critérios, mas para outros órgãos de Comunicação Social (RTP e Antena 1).
O que nos dizem essas duas sondagens? No essencial, que há um empate técnico entre Rui Moreira (independente) e Manuel Pizarro (PS) na corrida à presidência da Câmara. Empate técnico porque (usando o exemplo da que foi publicada pelo JN) dentro do intervalo provocado pela margem de erro (2,8%). No limite, o que isto quer dizer é que, por exemplo, se admitia que Moreira pudesse estar, nessa altura, com 37% e Pizarro com 30%, ou vice-versa, Pizarro com 36% e Moreira com 31%.
As sondagens feitas pela Católica vão confirmar-se nas urnas? A essa pergunta só o famigerado Zandinga saberia responder. Infelizmente, já não está entre nós. E portanto a melhor resposta é que não vão confirmar-se nas urnas. Haverá sempre diferenças. Porquê? Porque uma sondagem é um retrato sociológico do preciso momento em que é feita. E as pessoas mudam, naturalmente, de opinião. Quando se trata de eleições autárquicas, dada a proximidade entre eleito e eleitor (um buraco na rua que ninguém tapa, uma escola sem funcionários, uma resposta arrogante num debate), a volatilidade é maior. Significa isto que as sondagens foram inúteis? A forma bastante desastrada como Rui Moreira as tentou descredibilizar, assumindo inclusive que tentou travar a divulgação da segunda, prova o contrário.
* EDITOR-EXECUTIVO