As universidades e as alterações climáticas
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A ação climática e o desenvolvimento sustentável são temas de grande relevância para as instituições de Ensino Superior (IES) portuguesas, que há muito lhes dedicam atenção. Quando a Comissão Europeia adotou as atuais metas para a neutralidade carbónica e a redução de emissões de gases, há muito que as IES tinham colocado esses temas nas suas agendas.
A Universidade de Aveiro, por exemplo, foi a primeira IES portuguesa a criar um Departamento de Ambiente e um curso de Engenharia do Ambiente, ainda nos anos 70, quando a sensibilidade para as questões ambientais ainda era muito diferente da de hoje.
A concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a neutralidade carbónica até 2050 são desafios muito ambiciosos. As universidades entendem bem as dificuldades e têm atuado a diversos níveis: no ensino, educando para a sustentabilidade; na investigação, procurando soluções que minimizem o impacto no clima; e, enquanto organizações, aplicando a si mesmas o que descobrem e praticando o que ensinam.
Para atuar, é necessário determinar as principais componentes da pegada de carbono. Usando uma calculadora desenvolvida em colaboração com outras IES nacionais e estrangeiras, a Universidade de Aveiro determinou que as principais componentes da sua pegada de carbono, e porventura de outras instituições, são a energia, a alimentação e a mobilidade. Está em curso o trabalho para as reduzir, que impõe mudanças internas e de governação, recorrendo a programas nacionais e europeus.
Os resultados estão à vista. De acordo com o World University Ranking da Quacquarelli Sy- monds (QS), a sustentabilidade é uma das áreas onde as universidades portuguesas têm melhor desempenho. Um trabalho recente da QS compara o desempenho na sustentabilidade entre as principais IES em Portugal, Espanha, Suíça e Holanda. A pontuação média das oito universidades portuguesas no QS só é superada pelas IES da Holanda.
Em 2023, no UI GreenMetric World University Ranking, a Universidade de Aveiro e a Universidade do Minho surgem empatadas na liderança mundial no critério “resíduos”, a par de instituições de outros países.
Há muito ainda a fazer, mas as universidades portuguesas têm demonstrado um forte compromisso com a sustentabilidade. Não poderia ser de outra forma. Contribuir para o desenvolvimento sustentável, mais do que coerência face ao nosso passado, é respeito pelo futuro de todos.
Vale a pena pensar nisso.