O tema da regionalização regressa de forma cíclica ao debate político, agora com a vontade expressa do Governo em colocar a discussão na agenda pública, apontando para tal 2023, ou seja, 25 anos depois do esdrúxulo referendo de 1998.
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Os desequilíbrios evidentes que se verificam entre partes do território nacional, se por um lado obrigam a uma reflexão coletiva sobre o modelo a seguir, não nos dispensam de trabalhar em cada dia na melhoria da sua coesão.
Continuar a afirmar uma universidade no território de Trás-os-Montes e Alto Douro é contribuir para um país melhor, porque se traduz na valorização de uma parte importante do seu território. Quando se percebe que a evolução demográfica dos últimos 50 anos retirou quase metade da população residente nesta antiga "província", que agrega os distritos de Vila Real e Bragança, com quebras simultâneas nos saldos natural e migratório, então a consolidação da sua âncora universitária tem de assumir uma importância ainda maior e mais crítica, traduzida por apoios claros por parte das políticas públicas.
Quando o Governo desafia uma universidade e um centro hospitalar a juntarem esforços em torno da investigação e inovação em ciências da saúde, através da criação de um Centro Académico Clínico, está a dar os sinais corretos para o caminho a seguir, potenciando uma nova e importante âncora de desenvolvimento regional. Concretizar o passo seguinte da evolução na área da formação médica, graduada e pós-graduada, terá um efeito positivo na fixação de recursos humanos qualificados, significando um dos mais fortes contributos para a regionalização nas últimas décadas. Que tem mais vida para além da forma: faz-se e concretiza-se em cada dia em que somos capazes de olhar, decidindo, para cada ponto do país como o mais importante do seu todo.
Reitor da UTAD