Corpo do artigo
Uns rapazes que se dizem democratas, admiradores de Marx e de Lenine, fantasiosos sobre as façanhas de Che, que gostam de ver estampado em camisolas de brincar aos revolucionários, decidiram boicotar uma intervenção de Jaime Nogueira Pinto, ameaçado de tumultos e cenas de pancadaria, caso se dirigisse aos alunos de uma universidade que é pública, sobre um dos temas mais atuais para quem se preocupa com o futuro da Europa: "Populismo ou democracia? O Brexit, Trump e Le Pen em debate".
São sinais dos tempos. Mesmo assim, o radicalismo associativo, a lembrar o degredo bafiento do PREC, serviu para mostrar que para ilustrar os perigos dos extremismos que grassam na Europa, já não precisamos de invocar exemplos de fora. Encontramo-los nos próprios bancos da "Nova".
A hipocrisia de quem apregoa a liberdade de expressão, desde que a sua, negando a dos outros, que silencia, é simplesmente abominável. Mas em Portugal existe e hoje também manda, legitimada no radicalismo do BE e do PCP, que ascenderam ao poder pela mão do socialismo democrático que até 2015 sempre lhes servira de fronteira. Por isso, manifestações totalitárias de quem acredita na luta de classes e deseja a ditadura do proletariado - ditadura é ditadura e a do proletariado não escapa à regra - são só uma consequência lógica daquilo a que, nada mudando, nos teremos de habituar e combater.
Nessa medida, se o que sucedeu na "Nova" é sintomático e não pode ser desvalorizado, pior será, porventura, que a direção da universidade tenha cedido a quem se permitiu o boicote sectário pela força. As universidades são, por essência, espaços de liberdade e discussão. Suprimindo-se o debate, assegurou-se que o medo e o totalitarismo prevalecessem sobre a tolerância. O sinal não poderia ter sido pior.
Na mesma lógica, Francisco Louçã foi nomeado para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal. O fundador do BE está para Carlos Costa como a associação de estudantes da "Nova" esteve para Jaime Nogueira Pinto. Foi escolhido para fazer "bullying". Um político de extrema-esquerda, profundamente envolvido no combate político, avesso à economia de mercado, ocupado no ataque a Carlos Costa em monólogos televisivos semanais, tomou assento num órgão que existe para colaborar com o governador. Maior absurdo, seria difícil de conceber.
Quando mais se exige isenção e independência na regulação de um setor que há anos reclama milhares de milhões de euros dos contribuintes, nem o Banco de Portugal escapa à mais indecente colonização partidária.
É o assalto ao castelo.
DEPUTADO EUROPEU