O Papa Francisco lembrou no domingo, que também era o Dia do Trabalhador, todos os "operários que morreram no trabalho". Que ele considera "uma tragédia difundida, talvez demasiado".
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Antecipando o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado ontem, o Papa prestou homenagem aos jornalistas "que pagam pessoalmente para servir este direito". Sublinhou que, "no ano passado, 47 morreram e mais de 350 foram presos em todo o Mundo". E agradeceu aos jornalistas "que corajosamente nos informam sobre os flagelos da humanidade".
Mesmo nos países em que teoricamente a liberdade de Imprensa é garantida, como Portugal, experimentam-se outros ataques ao jornalismo. É o caso da pressão do sucesso on-line, da ditadura dos cliques e dos gostos, que obrigam os órgãos de comunicação social a enveredar pelo sensacionalismo. Este é liminarmente condenado no Artigo 2 do Código Deontológico do Jornalismo, cuja última redação foi aprovada pelos jornalistas portugueses em 2017: nesse artigo, o sensacionalismo é colocado a par da censura, da acusação sem provas e do plágio.
A peça de teatro "Última Hora", de Rui Cardoso Martins, apresentada no passado sábado em Bragança, retrata bem essa degradação. Para subsistir, um órgão de comunicação social adultera a sua matriz de seriedade e de referência para dar espaço ao escândalo e, dessa forma, atrair o interesse do público e sobreviver.
Em Portugal não se prendem, não se censuram, nem se matam abertamente os jornalistas. Já aconteceu no passado. Contudo, com a pressão da comunicação digital e da ditadura das audiências, corre-se o risco de corromper e de assassinar a informação rigorosa, isenta e independente.
Não são só os órgãos de comunicação social que estão debaixo de fogo e que podem ver-se obrigados a fechar. Sem média sérios, é a própria democracia que fica em causa.
*Padre