Corpo do artigo
Podia falar em Guardiola e a autoagressão do técnico do Manchester City após o empate com o Feyenoord, na Liga dos Campeões, podia falar do “erro de casting “do inexperiente treinador do Sporting, João Pereira, que se meteu a jeito para perguntas inconvenientes, e podia falar, mudando o chip, da vergonha do aumento dos políticos, camuflado no eufemismo da reversão do corte salarial, de 2010, mas, neste momento, só me importa falar do Agostinho Maia. O Agostinho, colaborador do Jornal de Notícias há mais de 30 anos, deixou-nos esta semana, de forma abrupta, sem qualquer pré-aviso. Deixou-nos órfãos de um ponta de lança que varria a feira, como se diz na gíria, no que diz respeito ao universo do futebol distrital. Toda a gente o conhecia no meio e, por isso, também foi muita justa a nota de pesar divulgada pela Associação de Futebol do Porto, que tem consciência que o futebol distrital acaba de perder um elemento que fazia muito pela divulgação dos clubes que pululam nas divisões inferiores e dão palcos aos artistas menos conhecidos, que, por isto ou aquilo, não chegaram mais além, mas que podiam ter sido verdadeiras estrelas. O Agostinho era uma estrela... à sua maneira.
O desporto do Jornal de Notícias ficou mais pobre com o falecimento do nosso número 9, tal a eficácia que demonstrava na hora de resolver problemas e rematar à baliza, e os fins de semana não vão, seguramente, ser os mesmos. Se o Cristiano Ronaldo tem o famoso “Siii”, o Agostinho tinha o “Até chia!”. Era este o grito de guerra, que servia, de certa forma, para assinalar o fim de cada edição, aos domingos, de garantir ao leitor as fichas dos jogos, com o máximo de informação. Quando era preciso confirmar uma substituição ou o autor de um golo decisivo, o Agostinho estava lá. Sempre! A missão fica agora muito mais difícil, mas o legado merece o respeito e esforço de todos.
*Editor-adjunto