Corpo do artigo
O ataque de Israel ao Irão não é apenas uma demonstração de força de um Estado militarista controlado por fanáticos imprudentes. As bombas que decapitaram parte do regime de Teerão significam sobretudo que a estratégia de fuga para a frente de Telavive obedece apenas à lógica perversa do quanto pior melhor. A tal ponto que, atualmente, ninguém parece conseguir travar os impulsos de Benjamin Netanyahu, que responde a tudo com balas e mísseis. Seja em Gaza, seja noutro lado qualquer.
De resto, a posição dúbia dos Estados Unidos da América relativamente a esta ofensiva é o espelho do progressivo isolacionismo de Israel e de como os esforços de autopreservação judaica estão diretamente ligados ao futuro dos seus dirigentes políticos. Trump, que procurava avanços diplomáticos nas negociações com Teerão, saiu lesto a terreiro para garantir que não foi parte ativa do ataque, temendo consequências para os interesses norte-americanos no Mundo. Ninguém acredita, porém, que os jatos israelitas teriam avançado sem o aval, ainda que tácito, de Washington. Continua por perceber de que forma esta ofensiva obstaculizou a expansão do programa nuclear iraniano, mas uma coisa podemos ter como certa: Telavive está em modo guerra total, o que poderá incendiar todo o Médio Oriente e, como sempre tem acontecido, atingir com violência económica a vida dos europeus.
Até onde vai Israel nesta escalada? Estar em conflito permanente com todos sem procurar fazer pontes diplomáticas é uma forma perigosa de cegueira, mas o caminho de volta para Telavive parece cada vez mais estreito e arenoso.