Vestir roupa já usada por outros ou fazer arranjos de costura para reaproveitar vestuário foi algo malvisto na nossa sociedade, durante muito tempo. Alegado sinal de poucas posses, essa tendência contrariava o apelo ao consumismo e era motivo de vergonha para muitos jovens na luta pela conquista de estatuto nos seus grupos.
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Curiosamente, é em grande medida por pressão e até imposição da parte dos mais novos que as práticas começam a ir no sentido oposto, pois foram eles quem rapidamente interiorizou a defesa do ambiente e do Planeta como substancialmente mais importante do que a ostentação. Ou, se preferirmos, que a causa é compatível e pode até ser fator acrescido da afirmação interpares.
Ora, se há já lojas de vestuário em segunda mão, também instituições tidas como "pesadas" e pouco vanguardistas aderem à nova moda e apostam em novos comportamentos. É o caso do Conselho da Europa que, em articulação com o Governo de Portugal e 55 parceiros nacionais (empresas, entidades ligadas à inovação e investigação e outros) estão a investir quase 140 milhões de euros para tornar mais "sexy" um setor tradicionalmente poluidor, abrindo-lhe novas oportunidades de mercado.
A defesa ambiental, desde a seleção das matérias-primas até aos hábitos do consumidor, passando pela cadeia produtiva e de distribuição, é por isso prioridade do projeto a que chamaram be@t - bioeconomy at textiles. Apoiado pelo PRR e coordenado pelo CITEVE, já está no terreno com ações concretas para operar a mudança, tanto entre jovens profissionais como entre quadros superiores. São exemplos o programa de formação, mentoria e workshops "beat by be@t", lançado com envolvimento do BCSD Portugal, ModaLisboa, Riopele Têxteis e Tintex Textiles, ou o novo curso "Responsible Textile Business: fonte de vantagem competitiva para o STV" (setor têxtil e do vestuário), que a Universidade Católica Portuguesa e o CITEVE abriram a 17 de abril para empresários e gestores.
O be@t está a marcar o ritmo da mudança num setor que, afinal, tem motivos para encarar com entusiasmo o desafio do futuro. Do setor económico aos jovens e às famílias, começa a ser contagiante a vontade de mudar hábitos. A realidade é visível, e já parece mal congelarmos opiniões e comportamentos, além de ser um atentado ao Planeta.
*Consultor Magellan responsável pela comunicação be@t