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Em Portugal têm surgido intervenções radicais de ativistas climáticos, procurando promover a urgência da integração das alterações climáticas na agenda política. É exemplo a recente manifestação, em direto, no debate entre dirigentes dos partidos políticos na RTP, ou, ainda, arremessos de tinta a vários ministros durante eventos públicos, escritos nas escadas da Assembleia da República ou bloqueios de trânsito em estradas.
São evidentes os excessos cometidos, mas esta radicalização pode provir da clara ausência ou insuficiência do tema nos debates para as legislativas. Se os jovens lutam contra as alterações climáticas porque sentem o seu futuro ameaçado, os políticos, mais adultos, parecem menos preocupados com as gerações futuras, entretidos com taxas e taxinhas, impostos e “impostões”, como, aliás, tenho afirmado.
O número de manifestações destes ativistas tem aumentado e assim continuará! Efetivamente, é inadmissível o tipo de intervenções que têm vindo a executar. Mas também o é igualmente a baixa incidência do debate político e ausência de medidas sérias, corajosas e eficazes.
Este é um assunto que a todos diz respeito e que está à frente dos nossos olhos, perante ondas migratórias, pandemias, picos de calor, regiões em seca extrema que contrapõem com inundações e tempestades, destruindo habitações, cidades e espaços agrícolas essenciais à subsistência da humanidade.
Que bom que seria se estes movimentos se esbatessem por força de decisões concretas e eficazes no combate às alterações climáticas. De resto, como tanto afirma António Guterres, cuidar do planeta não é uma obsessão, é uma dívida que temos com os nossos filhos e netos.