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A comparação entre os 9% estimados para o candidato do PSD no Porto (na última sondagem da RTP) e os 47% obtidos nas eleições de 2009 por Rui Rio são premonitórias de uma reivindicação de poder que Rio parece finalmente desejar.
E, de facto, é o Partido Social Democrata quem mais arrisca neste exercício eleitoral.
As condições de partida são muito instáveis para todas as formações partidárias: Os candidatos que venceram em 2013 receberam ou continuaram à frente de câmaras descapitalizadas, no contexto de uma economia deprimida e sem financiamento disponível para investimento. A probabilidade de serem penalizados nas urnas é real e superior à inércia que, em tempos mais normais, tende a manter quem lá está; A lei da limitação de mandatos e os movimentos de cidadãos já experimentados em 2013 trouxeram mais diversidade à tradicional panóplia partidária; há os candidatos independentes, os "pseudoindependentes" (resultantes de dissensões intrapartidárias), os que já foram presidentes e que voltam e os velhos "dinossauros" que também voltam a apresentar-se a votos; esta puzzle gerará um resultado menos concentrado; Este resultado mais dividido obrigará, por sua vez, a exercícios de coligação nalguns casos exigentes;
A intervenção das formações políticas com impacto nacional é, neste caso, muito relevante; há que potenciar, ao limite, o voto que se agarra "ao pau da bandeira" para além das virtualidades locais de cada candidato.
E, a ser assim, é clara a vantagem do PS e da coligação informal que construiu com os partidos à sua Esquerda: Muito em virtude do discurso "teimosamente coerente" de Pedro Passos Coelho , as dificuldades sentidas durante a maior parte do tempo dos mandatos que agora terminam são associados à "política de austeridade" do PSD (o CDS tem conseguido habilmente escapar pelos pingos da chuva); Ao contrário, as boas notícias sobre o financiamento da economia (via melhoria do rating), o crescimento do PIB e a descida do desemprego são indubitavelmente associadas à governação vigente, em particular ao PS; O PSD já tem 20 das suas 106 câmaras em coligação, contra apenas 1 das 150 detidas pelo PS; a maior volatilidade na votação poderá dificultar ainda mais este tabuleiro de coligações; A terem de ser feitas, as várias coligações poderão tender para partidos ou formações mais à Esquerda , num contágio possível do sucesso associado à "geringonça".
Neste caso, Rui Rio não poderá esquivar-se. O impacto da sua candidatura à liderança do PSD poderá apenas ser atenuado pelo estrondo de um abanão que o PCP seja forçado a dar ao PS em caso de desaire eleitoral.
* ANALISTA FINANCEIRA