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O nosso país nunca viu tantas eleições no mesmo ano. Como gerir e articular todas as campanhas e eleições sem parar o país? Diria mesmo muito difícil. Este será o primeiro tempo de uma geração adulta que nunca viveu uma guerra, uma ditadura e as privações que elas arrastavam no quotidiano de cada um. Por isso, nunca foi tão importante a política num tempo em que a democracia está em risco, os cidadãos distantes, desinteressados, desacreditados e o radicalismo a atingir os outrora moderados.
Preocupam-me todas as eleições e a falta de tempo para se discutir os programas de cada partido. Este ano, iremos ter um mega caldeirão de debates cruzados a diferentes escalas, agravando a já desinteressada e escassa participação pública no debate político a sério e, ainda, os menos informados e mais vulneráveis às fake news e à sua musicalidade. E quando já algumas pré-campanhas avançavam para se debater o futuro dos municípios, vemo-las agora suspensas face às legislativas.
E qual vai ser o método? Os políticos autárquicos interrompem as ações para dar espaço às legislativas? Vão com os partidos para as campanhas nacionais? Relembro que muitos candidatos já estão escolhidos. E nos que ainda não estavam escolhidos? Que aspirações são as dos que regressam?
Enquanto isso, o meu profundo desejo de termos tempo para a discussão, tão necessária aos novos desafios que as vilas e cidades enfrentam nos próximos tempos, será reduzido a dois meses após o regresso da praia. Veremos como tudo isto se vai articular, mas também saibamos estar à altura deste grande desafio.