A tendência para analisar o ano que passou não acaba a 31 de dezembro. A diferença é que, aos balanços qualitativos, sucedem os balanços quantitativos. Ainda que os números possam ser usados de forma distorcida (é importante lembrar que, quando há dois frangos e duas pessoas, não é seguro que cada uma venha a comer um), permitem tirar conclusões.
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Servem até para justificar prémios, como o de Mário Centeno. Não fossem os números do défice e do desemprego, e também dos milhões desviados para recapitalizar a Banca, e não seria o "Ministro das Finanças do ano na Europa" da revista "The Banker". Um título catita para fazer carreira, por exemplo, em bancos. Mas voltemos aos balanços quantitativos, porque uma das explicações para a crónica foi o sobressalto de um título em que, feitas as contas a 2018, se destacava o empobrecimento de oito cidadãos. O facto de ser gente na lista dos dez mais ricos do Mundo não é razão para menor preocupação. Até porque entre os que mais empobreceram está Mark Zuckerberg. Não é tanto a perda pessoal (com 52 mil milhões de dólares, aos 34 anos, é capaz de se aguentar), antes por indiciar o princípio do fim do Facebook.
Uma catástrofe maior do que a má distribuição de frangos. Um último balanço quantitativo nas linhas que restam. Diz-nos a Organização Internacional para as Migrações que é a Espanha que está agora no top das preferências dos migrantes africanos que se fazem ao Mediterrâneo em tudo o que seja capaz de flutuar. Ao todo, em 2018, e só ao país vizinho, chegaram mais de 57 mil, fugindo à violência e à fome. Quase 800 morreram afogados pelo caminho. E porquê Espanha? Porque outros países europeus ou trocaram a solidariedade pelo ódio (Itália, Malta) ou olham para o outro lado, fingindo que não é nada com eles (Portugal incluído). Para esta afirmação não tenho números.
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