A invasão russa na Ucrânia colocou a política internacional na ordem do dia e transformou especialistas de Saúde em comentadores de guerra, só não conseguiu mudar aquela forma de debater ideias de camisola vestida, como acontece na mais inócua conversa sobre futebol.
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A simpatia por uma causa ou determinados princípios de organização das sociedades não deve adormecer a perceção de que os erros podem ser comuns a ambas as partes. Embora alguns pensem o contrário, ninguém faz tudo bem, é impossível. E o pior que nos pode acontecer é este arrebatador, e justificado, interesse pelo que se passa na Ucrânia resultar num nada recomendável afunilamento mediático. Há atrocidades noutras latitudes que precisam de ser escrutinadas e não têm merecido ondas de indignação. Pelo contrário, por vezes, até parecem beneficiar de alguma compreensão por parte da diplomacia internacional, como se verifica em relação à ação de Israel nos territórios palestinianos.
O Estado israelita acaba de proibir a entrada do chefe de uma missão do Parlamento Europeu à Palestina e os sinais de reprovação quase se resumiram ao cancelamento da viagem, apesar de os argumentos de Israel estarem nos antípodas da cultura democrática, visto resultarem de uma retaliação face às posições críticas do eurodeputado espanhol Manu Pineda. Fossem outras as coordenadas e a hipocrisia diplomática estaria já a disparar sanções e ameaças. Objetivamente, o Governo israelita bloqueou a missão porque convive mal com aqueles que lhe apontam constantes violações dos direitos humanos.
Convém, por isso, diversificar o alcance das objetivas. Até porque, ficámos a saber ontem, apesar de Israel admitir que a bala pode ter sido disparada por um dos seus soldados, o inquérito preliminar à morte de uma jornalista na Cisjordânia aponta para a inexistência de indícios de crime.
Diretor-adjunto