Bandido é o padre Inácio!
Uma vez, o escritor e diplomata Eça de Queiroz, dirigindo-se ao presidente do Governo, acusou deliciosamente: "O Governo de Vossa Excelência não há de cair - porque não é um edifício. Tem de sair com benzina - porque é uma nódoa!".
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O insulto em política é algo comum, usado muitas vezes por homens e mulheres públicos e por vezes até com assinalável qualidade literária. Faz parte da arte política e quando usado com ironia e inteligência produziu belas frases que ficaram na história.
Pérolas de inteligência, capazes de simultaneamente permanecer e atingir com dor a integridade do adversário. São muito mais eficazes que qualquer desses insultos básicos que parecem ser a única coisa que os políticos de hoje conseguem dizer.
Até o insulto empobreceu. Abandalhou-se e está em toda a parte. Na net, nas redes sociais e nos chats, mas é pouco mais que lixo avulso atirado por quem quer ter uma resposta e aumentar a sua visibilidade pública a qualquer custo.
Esta semana um político português da nova geração, por acaso de Direita - o oportunismo político não escolhe lado, é a sorte que o determina -, desejou tornar-se internacionalmente famoso aproveitando a condenação que o Parlamento português fazia aos ataques de Brasília para chamar "bandido" ao presidente eleito do Brasil.
É verdade que, em democracia, o lugar que esse deputado ocupa no Parlamento, representando o povo, lhe proporciona essa ocasião mas, como se costuma dizer, também é a ocasião que faz o ladrão.
Nem o significado desse insulto é o objeto deste texto. A minha vontade é evidenciar a franciscana pobreza de quem o produz ao mesmo tempo que se condena o seu autor ao pior castigo que ele pode ter: deixá-lo no anonimato.
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos