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Uma fotografia de um jantar informal tornou-se viral nas redes sociais e esteve em destaque na imprensa nórdica. A imagem em questão mostra a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, a receber na sua casa outros líderes: o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, e o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre. Todos estão sentados em redor de uma mesa de jantar. O cenário é simples e acolhedor, os trajes deixaram de lado a formalidade, a refeição parece modesta e sem luxo.
O tema da conversa? Cooperação regional em defesa, segurança marítima no mar Báltico e apoio à Ucrânia. De fora não terá ficado, com toda a certeza, a questão da Gronelândia, a enorme ilha do Ártico que desperta a cobiça de Donald Trump.
Apesar da enorme complexidade dos temas abordados, não foram precisos protocolos rígidos, guarda de honra, tapetes vermelhos, talheres de prata. Em contraste com a teatralidade que estamos habituados a ver em situações semelhantes, a fotografia acaba por passar uma imagem de tranquilidade, simplicidade, pragmatismo e, arrisco, modernidade. Não foi preciso barulho mediático para que estes líderes discutissem uma situação extremamente grave sobre a defesa e a segurança dos seus países e da Europa.
Foi impossível não associar este retrato e o seu significado ao que se passou em Portugal nos últimos dias. Não pelo conteúdo, mas sim pela forma.
A classe política é barulhenta à toa. A portuguesa vai fazer mais ruído até maio porque não é capaz do mais simples e básico.
Barulho, dramatização, um teatro sem fim. A política precisa de eficácia. Calculismo, encenação e desejo insaciável de poder não geram qualquer credibilidade. Será que algum dia será diferente? Não parece.