Basta de virar o bico ao prego. Basta de olhar e não se ver. Basta de fechar os olhos. Basta de não querer ouvir. Basta de não querer falar. Basta de nos enganarmos a nós próprios. Basta de exigência branda. Basta de não querer mudar.
Corpo do artigo
Basta de fazer dos outros parvos. Basta do salve-se quem puder. Basta de passar por cima da justiça. Basta de dar mau exemplo. Basta de não ser bom exemplo. Basta de insultar os mais novos. Basta de desperdiçar talento. Basta de não querer mudar.
Basta de não pensar no amanhã. Basta de palavras redondinhas. Basta de memória curta. Basta de falta de respeito. Basta de não pedir desculpa.
Basta de erros grosseiros. Basta de não corrigir. Basta de olhares interesseiros. Basta de tanto fingir. Basta de não sermos iguais. Basta de "uns podem e outros não". Basta de não fazer hoje. "Louca, eu? Não e não!".
Enough! Ça suffit! Genug! Basta!
Eugénio de Andrade dizia que "às vezes basta um verso" e ele próprio escreveu este poema "No prato da balança um verso basta/ para pesar no outro a minha vida".
A minha família é da região de Basto e todos aprendemos a conjugar o verbo bastar na bela expressão do guerreiro que, segundo a lenda, terá dito "aqui basto eu" para defender o território dos invasores.
Confesso que sempre me fascinaram as palavras simples, claras e diretas. "Basta ya que el yanqui mande!", cantava Hector Roberto Chavero, o argentino que usava o nome de Atahualpa Yupanqui. "Quién ha ganado la guerra en los montes del Viet-Nam? El guerrillero en su tierra". Há canções que nos acompanham pela vida fora em qualquer língua e em qualquer tempo.
Neste tempo é necessário dizer basta, quanto mais não seja para exercitar a pontuação, seja de forma exclamativa, imperativa e interrogativa. Ou todas juntas: Basta! Basta? Basta?! Basta?!... Sim. Basta é suficiente para dizer tudo o que é preciso.
(Cá em casa somos todos portistas e este texto foi escrito a quatro mãos).
*Analista financeira