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Não tenho como certo de que há agora mais pessoas que pensam como os piores populistas, racistas e homofóbicos, ou se os poucos que existem se sentem agora mais à vontade para expressarem essas opiniões de forma pública. É um tópico de conversação recorrente: quantas serão estas pessoas convencidas de que os imigrantes, os refugiados, os muçulmanos, as mulheres, os homossexuais ou os estrangeiros são os culpados pelas dificuldades do Mundo? Por que razão a xenofobia, a intolerância, o nacionalismo e outras aberrações, que se julgavam varridas para o lado da história que envergonha, medram novamente no espaço público? É apenas uma pequena minoria ruidosa? Ou é sinal de uma preocupante repetição histórica, uma que vai acabar mal, assim encontrem essas terríveis ideias protagonistas públicos que as validem? Casos como os da desprezível frase de João Braga, que teve tristemente bastantes defensores, precisam de ser combatidos sem tréguas, sem medo e sem vacilar. Embora o fadista, na sua cegueira, nem se tenha apercebido de que o que escreveu ("Agora basta ser-se preto ou gay para ganhar os Oscars"), se fosse verdade, seria uma evolução positiva: durante muitos anos, para ganhar seja o que for, bastava apenas ser-se branco.
* JORNALISTA