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Diz a sabedoria popular que a barata é o único animal a sobreviver a um holocausto nuclear. Confesso que não me apetece muito comprovar este pedaço de conhecimento zoológico. Mas há uma espécie que me parece pior ainda: a espécie Lagarde. Em 2011, o ano em que a troika chegou a Portugal, Christine Lagarde assumiu a direção do FMI e geriu com mão de ferro a crise financeira que atingiu o nosso país e a Grécia. Embarcou naquela famosa teoria sobre os países do Sul, que se divertiam demais e tinham de pagar por isso. Mais tarde, mesmo quando FMI assumiu que a política de austeridade tinha sido um erro (pelo menos, na escala em que foi imposta) e que tinha prejudicado os países que seria suposto ajudar, manteve a sua posição firme. Em 2016, foi condenada (sem pena, que é assim quando se fala de milhões), num caso que envolveu Bernard Tapie. Ainda assim, assumiu a liderança do BCE. E agora volta à carga contra os trabalhadores, que andam a ganhar acima das suas possibilidades (mesmo que a evolução dos salários não acompanhe há muito a evolução do crescimento económico). Para não ser mal-educado, cito Aniki Bobó, de Manoel de Oliveira: “Batatinhas, Batatinhas!”.
*Jornalista