Corpo do artigo
Não tarda chegam os resultados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior. A vida de mais de 59 mil jovens está prestes a mudar. Quantos novos estudantes vai conseguir o Porto, a cidade dos quartos inalcançáveis, receber?
Enquanto a Academia está de portas abertas ao conhecimento, as portas estão fechadas ao alojamento, e esta é, novamente, a principal barreira no acesso e frequência do Ensino Superior. Falo de um velho problema: preços que não são comportáveis pelas famílias portuguesas e quartos ocupados por quem já acabou o curso, devido à inexistência de condições para um jovem arrendar uma casa.
Embora a dimensão do flagelo, o “Mais Habitação” negligenciou as dificuldades dos estudantes deslocados e desconsiderou as dinâmicas do mercado de arrendamento provocadas pela procura de alojamento estudantil. Há tanto que está por responder! Quantos contratos de arrendamento, no âmbito do Programa de Arrendamento Acessível, foram celebrados com a finalidade de residência temporária para estudante? Qual o resultado da Bolsa de Imóveis Públicos para Habitação? O Governo realizou iniciativas junto das Instituições de Ensino Superior “forçando” a integração de imóveis na gestão do IHRU, I.P., mas, até hoje, pouco sabemos. Quando é que os estudantes deixarão de estar dependentes do arrendamento privado e das suas mensalidades ao preço do salário mínimo?
O presidente da República passou uma certidão de óbito ao pacote de medidas “Mais Habitação”. Urge fazer nascer um compromisso maior e uma visão de longo prazo, com uma abordagem integrada ao problema, conduzida pelo Governo e em conjunto com os Municípios. A estratégia de habitação não pode mudar de regras a cada novo ciclo eleitoral.