A frase do título foi inventada por mim neste preciso momento, mas é inspirada em duas frases em que o verbo beijar é substituído lamentavelmente pelo verbo cuspir. Certamente são mais conhecidas dos leitores frases como "cuspir no prato onde comemos" ou "cuspir na mão que nos deu de comer".
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Não gosto de alimentar mistérios, especialmente quando se trata destas crónicas do nosso JN. Mas apostava o que fosse preciso como ninguém consegue adivinhar que relação é que a minha cabeça estabeleceu entre o título da crónica e o nosso presidente da República. Mas já lá vamos.
Gostava de começar por salientar a minha enorme admiração e, porque não dizê-lo, o meu igualmente enorme espanto, pelo rol incessante de eventos, tarefas e discursos que o professor Marcelo foi capaz de assegurar entre os dias 10 e 12 de junho. Tudo aquilo a que pudemos assistir diz-nos que o presidente está de perfeita saúde, com uma invejável forma física e que apesar dos seus 73 anos está muito longe de se reformar da vida pública e política. Tudo começou no dia 10 em Braga, cidade e distrito que lhe são particularmente caros e onde inovou, fazendo-se desfilar firme e hirto de pé num veículo militar a lembrar o "Papamóvel". Ainda nesse dia rumou a Londres, onde, para além da mediática condecoração ao enfermeiro que salvou Boris Johnson da covid, ainda teve tempo e disponibilidade para várias reuniões e confraternizações com a vasta comunidade portuguesa em terras britânicas. Aposto que até a rainha Isabel II, que é um exemplo de longevidade não negligenciável, se deve ter revisto no dinamismo do nosso septuagenário presidente. Concluídos os eventos de Londres, foi a vez de se deslocar a Andorra, o principado na fronteira entre França e Espanha, que tem também muitos emigrantes portugueses e onde Marcelo foi recebido de uma forma efusiva pela música e alegria contagiante dos meus amigos e amigas da Rauss Tuna Mista de Bragança. Depois de vários cantares e danças, chegou finalmente a hora do regresso a Lisboa, mas não para o descanso que já seria merecido. Como muitos portugueses puderam confirmar através da RTP, o nosso presidente assistiu de pé ao desfile das marchas de Santo António em Lisboa, que tiveram, aliás, um regresso triunfal depois de três anos de confinamento. Diz-me quem com ele privou que durante toda a noite o professor Marcelo manteve uma disposição e uma atividade inebriantes.
Depois de o presidente ter feito questão de dedicar ao bom povo português as comemorações do 10 de Junho deste ano, ficaram muito bem a esse povo as manifestações de gratidão de Braga a Lisboa, passando por Londres e Andorra. Também eu que sou da arraia miúda aqui estou a dar-lhe os meus sinceros parabéns como parte integrante de um povo que gosta de beijar a mão que lhe dá de comer.
*Empresário