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O uso das tarifas aduaneiras como arma de guerra comercial tem dado a Donald Trump um poder ainda maior do que se imaginava no futuro das nações. A sua força negocial, marcada por uma hostilidade desconcertante, levou a União Europeia a vergar-se perante os 15% negociados há uma semana num resort de luxo de golfe, na Escócia, propriedade do senhor que manda e desmanda. Em consolação, Ursula von der Leyen agradeceu ao presidente norte-americano pela extrema solidariedade de ter cortado para metade o valor com que tinha ameaçado, 30% de tarifas sobre as exportações da UE. Há histórias de amor com menos drama do que isto. Trump é um beligerante insatisfeito. Ameaça, agride, vocifera contra a UE, trata-a com desprezo, e depois convida-a a jogar golfe em casa, para lhe dar uma paulada, que ainda é agradecida pela vítima. A UE aninhou-se e resignou-se e levou uma festinha na cabeça, enquanto países como o Canadá estão a ser castigados pela falta de cooperação, o que, no caso, significa simplesmente discordar da nova ordem mundial a que Trump quer sujeitar o planeta. Enquanto Toronto defender a Palestina, o magnata republicano vai tentar esmagar os canadianos. As tarifas são o novo cinto com que Trump quer manter os países bem alinhados e comportados.