A montanha ainda está a crescer e, em princípio, deve ultrapassar o Evereste. Um caso aqui, uma denúncia acolá, uma turma inteira, a maior parte dos casos prescritos e as vítimas relegadas a um sofrimento sem verem castigados os monstros de branco. Os crimes mais graves prescrevem ao fim de 15 anos em Portugal e estes vão ficar sem punição. A criação da comissão para denunciar casos de abusos na Igreja foi o maior farol para expor um crime que de tanta sátira, virou, assim parece, tão corriqueiro como a comunhão. Claro está que não podemos julgar o todo pela parte, mas esta parte é grande e abafa uma boa parte do bem feito pelo todo, ou torna-o mais duvidoso por estes dias. Os números, sobre os quais Marcelo pode não ter sido feliz e por cujas declarações já pediu desculpa - que palavra bonita de ouvir de um presidente da República -, são tão assustadores quanto os casos que parecem não ter fim. Havia de chegar a vez de a Igreja portuguesa expiar os seus pecados. Chegou. Que nenhuma voz se cale com medo, para que o percurso criminal se faça a tempo. É que estes crimes medonhos têm prazo de validade, ao contrário do mal que causam.
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