Uma questão de tabaco é uma questão de saúde pública. Existem apenas três palavras de ordem: prevenção, redução, tratamento. Não acontece nenhuma das três. Saúde de todos e para todos. E não é a fingir. Se o Governo arrecada (quase) 1500 milhões de euros com os consumidores - adictos e dependentes desta droga (lícita) -, porque o Estado autoriza, deve, no mínimo, investir metade em políticas e estratégias de prevenção e de redução de risco. E jamais atacar os doentes. Afinal, acabam em doentes oncológicos. E o tratamento dos cancros é mais barato que o que o Estado ganha com esta receita.
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A saúde e doença dos fumadores deveria - como nas outras doenças - ser um assunto de saúde pública tratado com maior decoro e, sobretudo, baseado na melhor evidência científica. Há mais de 10 anos que seja o SICAD (envelhecido e aburguesado), a DGS ou o Ministério da Saúde nada investem na investigação sobre padrões e indicadores que evidenciem uma política eficiente e eficaz de redução de risco. Não basta legislar diplomas que servem determinados interesses. É determinante ajudar pessoas doentes. Dependentes desta adição. E eventualmente proceder a políticas de substituição. Olhem para o exemplo de NHS (grande investimento) nas conferências do King"s College (Reino Unido) ou da FDA (EUA) "Nhãn..." Não vale a pena. Pensam estes senhores. O que importa é a propaganda. Não é por acaso que o Estado - escandalosamente - arrecada a módica quantia de (quase) 1500 milhões de euros. Mas o investimento na saúde e na DGS entupida de burocracia de nada serve.
Apenas emprega amigos e (ex-jornalistas) desempregados que de literacia e comunicação em saúde pouco ou nada fazem. Ou então dá lugar a incompetência política, gananciosa atrás de poder. Escrevem imensos posts. E acham que isso é literacia. Mais não é que propaganda pessoal. E o mais grave: enquanto isto acontece, "bloom!", muitos jovens estão condenados - nos Açores e Madeira - à insanidade não reversível. Não há onde tratá-los e o Estado não se importa de penalizar os grandes dealers... Não faz mal. São de uma região de outra cor política, o PSD. Se fossem do PS já seria sério...
Professora auxiliar convidada e investigadora em Comunicação em Saúde, IMPSP/Fac. Medicina, ULisboa