<p>No início da semana passada, o presidente do CDS apresentou o seu documento de orientação estratégica. É normal que assim suceda por altura das eleições directas. Os candidatos ao cargo de presidente devem apresentar o seu caminho para o período do mandato. Com transparência, Paulo Portas traça os objectivos de organização, reforça as vertentes principais do discurso partidário no Parlamento, e assume a sua opção sobre questões que se podem colocar no futuro, como seja a posição perante uma possível moção de censura, ou a posição do CDS no sistema partidário português. Foi escrito de uma forma clara que a melhor solução para o país passa pela criação de um movimento político novo que abrangesse o PSD, o CDS e cidadãos independentes, de modo a formar uma alternativa forte ao PS.</p>
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Logo surgiram de uma forma excitada algumas vozes a dizer que Paulo Portas era precipitado, aconselhando de forma sobranceira calma ao presidente do CDS. Se fossem mais calmos, saberiam que hoje se exige autenticidade aos políticos. A obrigação destes é serem claros, assumirem um projecto, e não ficarem nas contas de mercearia daqueles que querem avidamente ser populares nas estruturas partidárias, assumindo o discurso "vamos lá ver quantos lugares é que valemos". Portugal está acima de políticos que se querem afirmar perante os seus.
O que é necessário é um projecto alternativo baseado em propostas para a justiça, educação, economia, condições de investimento, e posição de Portugal nas instituições europeias. Um projecto baseado na liberdade e responsabilidade, em detrimento de uma falsa igualdade. Um projecto que assuma, para os próximos quatro anos, as necessárias medidas duras e difíceis. Já todos estamos fartos de um passado de promessas esquecidas no primeiro minuto de governação
Enfim, um projecto com tudo o que deve ser feito antes de eleições. Os caminhos feitos à pressa com base em resultados eleitorais são, como já foi comprovado, meio caminho andado para o desastre. É por isso que merece uma nota boa a referência de Pedro Passos Coelho à ideia apresentada. Ao ter tomado boa nota foi bem além do exigível a um mero notário. O notário toma conhecimento, não qualifica como fez Passos Coelho. Eu acredito que sem dramas ou mudanças de rumo as boas ideias vão fazendo o seu caminho. Esperemos.
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