<p>Em Londres, no dia 2, reúne-se o G 20. O interesse da reunião reside, sobretudo, em dois pontos: em primeiro lugar na presença de Obama; e, depois, em observar quanto se distanciarão, ou não, entre si, os países europeus presentes. Ontem, num artigo em "El Pais", Barack Obama dizia que o G 20 deve lançar "uma iniciativa audaz, ampla e coordenada, para impulsionar a recuperação." E acrescentava: "Os Estados Unidos estão prontos para tomar a iniciativa e vamos pedir aos nossos parceiros que se juntem a nós com um sentido de urgência e de propósitos comuns". </p>
Corpo do artigo
Os Estados Unidos falam, com Obama, uma linguagem diferente, mas nem por isso deixam de querer liderar os processos em que estão envolvidos. Na Europa, infelizmente, apesar da União Europeia, não é possível falar em uníssono. Acresce que no G 20 apenas têm assento os "grandes" da Europa e, por isso, mal se percebe o que poderá acontecer em Londres: Gordon Brown, que vive fora das Zona Euro, copia os americanos no combate à deflação e injecta dinheiro na economia, coisa que o Banco Central Europeu (BCE) não tem querido fazer (mas que não se vê como possa fugir se o euro for empurrando as taxas de juro cada vez mais para baixo). A "economia de casino", como se tem chamado ao capitalismo que nos conduziu até aqui, será substituída - diz Obama - "por uma transparência rigorosa e por responsabilidade". E diz também que não há que escolher entre "um capitalismo caótico e implacável e uma economia dirigida pelo Governo e opressiva. É uma alternativa falsa" - diz.
No nosso cantinho, esperamos. A saída para a crise depende sobretudo do impulso positivo que as grandes economias possam dar e só depois das políticas adequadas que possamos adoptar. É por isso que não espantam os números de desemprego em Portugal, agora revelados. Não espantam, mas doem: só nos dois primeiros meses do ano, 131 mil pessoas dirigiram-se aos centros de emprego. São mais de 60 mil portugueses por mês que estão a perder o seu emprego. E um quinto deles ficou desempregado porque acabou o trabalho precário que tinha. O cenário da crise é desolador e a preocupação aumenta ao sabermos que as ofertas de trabalho diminuem em quantidade e qualidade - predominam ofertas de emprego não qualificado, curiosamente o sector de onde vêm muitos desempregados, o que mostra a precariedade de muitas actividades.
Estes números não vão parar de subir. Aqui e em toda a Europa, por muito que isso custe aos que, em época de eleições caseiras, gostavam de poder responsabilizar o primeiro-ministro. É por isso que, se como diz Obama, precisamos de dirigentes que sejam audazes, também precisamos, a nível interno, de alguma contenção, vergonha e bom senso nas críticas. E nunca estivemos tão necessitados de boas ideias. Já agora, novas..